quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Demônio

Meu demônio inspirador,
sem razão e sem pudor
imoral, um desgraçado
que potencializa minha dor.

Sabe arrancar-me minha paz,
destruir meu santuário,
me machuca, me fere, angustia,
por sempre voltar atrás.

Diminui os meus dias
e liberta a minha pior loucura
com sua generosidade maligna
e a cara de pau desinibida.

Confio na justiça divina
a salvar as vidas envolvidas
e que um dia acabe essa rotina
de dormir com mil mentiras.

Jenny Faulstich
(18/11/2013)

O querido amor

Quem me dera ter um pouco apenas
da tão invejada inspiração de Neruda,
e um amor que não cabe nas palavras
e se dissolve nas sensações mais improváveis.

Sorrir sem graça, da graça de tudo
e não ter a vergonha ou o receio
de saber e defender que tudo acaba,
menos o amor.

Leminski já citava a "matéria prima,
que a vida se encarrega
em transformar em raiva ou em rima"
mas no fim da história, a moral que fica,
ainda é amor.

E o amor por si só é indefinido,
imensurável, infinito,
eu só, sinto.

Jenny Faulstich
(10/09/2013)

Abóbora com carne seca

Vejo em você todas as queixas que você faz de mim
e não só isso, mas cada palavra áspera,
dói, dói muito, dói de chorar,
e mesmo assim procuro a receita do que você gosta
só para poder lhe agradar,
mesmo correndo o risco de lhe fazer enjoar.
Poderia um dia enjoar da sua própria grosseria,
essa sua mania de me fazer chorar,
sua mania de errar, errar e não se importar.

Jenny Faulstich
(06/10/2013)

Mania de perdoar

Quanto mais esperança eu sinto,
mais tristeza eu ganho.
Que mania tem a mulher
de perdoar, perdoar e não desistir.
E quando isso teria um fim, uma solução?
Será que valerá a pena um dia?

Jenny Faulstich
(17/09/2013)

Cores do céu

Avistei a primeira estrela e a última esperança
antes do sol se pôr completamente
e o que separa tudo isso são vários tons de azul.
Por essas e outras gosto da estrada,
das cores do céu e o azul flutuante
que faz pousar minha vida e as minhas agonias.

Jenny Faulstich
(21/07/2013)