terça-feira, 30 de abril de 2013

Sem critérios

Qualquer uma atrai
não há critérios ou algo mais,
logo, como ser diferente,
se todas as diferentes são iguais?
Como ser alguém especial?
Como crer, se nada se destaca?
Como amar e ser amada?

Jenny Faulstich
(30/04/2013)

O que não quero

Nunca me imaginei sentindo essa dor,
tão destrutiva, tão sufocante,
o coração fica tão apertado, tão apertado
que parece que não vou resistir e morrer.
E o choro desesperado vem todos os dias e noites,
como um vendaval devastando tudo que encontra,
não dá pra fingir que não acontece.
A tristeza está em todo lugar que eu vá
e parece não querer mais me largar,
não sei mais o que eu quero,
mas sei muito bem o que não quero,
essa amargura no peito e na boca
e essa frieza do meu próprio ego.

Jenny Faulstich
(30/04/2013)

Malditos monstros, maldito monstro

Se eu contasse seria inacreditável
então não diga que são coisas de outra cabeça.
Os monstros criados sempre vão existir
e eu não consigo mais acreditar em você.
Hoje vejo que nem me fizeram tanto mal assim
como você fez questão de me fazer.
As palavras pareciam tão sinceras,
mas não impediram de trazer os monstros para perto.
E eu não tive sequer a chance de me defender,
me entreguei totalmente e não fui suficiente para você.
Hoje sou castigada por me deixar encantar
e pago no corpo e na alma por cair na sua cilada.

Jenny Faulstich
(30/04/2013)

Tola

Não sei se sinto nojo, tristeza ou vergonha,
ou ainda tudo junto fazendo uma mistura.
Meu coração nas mãos de quem não merecia,
uma tola lutando numa causa injusta.

Jenny Faulstich
(30/04/2013)

Bom e ruim

É tão bom ter você por perto,
mas o meu receio é tão grande
e a sensação de rejeição também,
as dúvidas são tantas
que meu coração quase não suporta,
então o que é bom, é ruim também.

Jenny Faulstich
(30/04/2013)

segunda-feira, 22 de abril de 2013

Amor ou culpa

Nunca saberei se o que sente é amor ou culpa,
por tantos erros, tantas falsidades,
engana a si mesmo e propaga o mal
um mal tão ingrato e tão devastador
que não se calcula danos nem rancor.

A vergonha é incontrolável
e o frio que atravessa a espinha,
um corte de fora a fora na alma
que não mede mais teias e feridas.
Não sei onde começa a dor
e onde terminam as dúvidas,
só sei de que sou a continuidade
do que eu não dei partida.

Isso me desarma, me enfraquece,
me desestabiliza e entristece,
porque eu queria tanto acreditar
que seria verdadeiro amar
em toda plenitude da reciprocidade,
e acabo sempre em lágrimas pré julgadas,
tentando não me sentir culpada,
tentando me extrair da própria existência,
tentando parar de ver para conseguir dormir.

Declarações de amor e carinho
se perdem facilmente em outra tela
e a esperança sucumbe numa escuridão
tão maléfica e tão repugnante
que o desejo de um beijo, de um carinho
faz parecer uma ofensa ao meu ego ferido,
minha pseudo segurança, meu tão temido amor próprio.

Ahh malditas palavras, malditas!!!
Maldita a pessoa que as repetiam,
cobrava tanta confiança para desabafar
suas orgias mais necessárias e indiscretas,
sem critérios, sem pudor, sem a mínima decência,
sem nunca pensar nas consequências.

E eu lutando comigo mesma e contra fatos
para acreditar na possibilidade de um amor
como uma cura, uma superação,
uma forma de me permitir continuar na tentativa
de ser diferente, ser especial,
mesmo sendo a única pela quintilhonéssima vez.

Se outras não conseguiram,
por que eu conseguiria?
Sou tão normal nas chatices e manias,
não tenho dinheiro nem expectativa,
tinha apenas o sorriso e uma agitada rotina.

Quem me explicaria então a razão,
quem me garantiria se há solução,
se a mesma boca que fala que me ama,
me trai, me atrai, me fere,
irremediavelmente desmonta
qualquer ser pulsante
em tantas peças aflitas,
em tantas partes sofridas!

Jenny Faulstich
(22/04/2013)

sábado, 20 de abril de 2013

Seu cheiro

Seu cheiro já está no meu travesseiro,
seu sono na minha insônia
e a saudade nessa distância insana
de onde vem um desespero
que eu tanto sinto, penso, choro
e não compreendo.

Jenny Faulstich
(19/04/2013)

Estátua de bronze

Paciente, pacífica, passiva,
a diferença se submete
ao fantasma que me ronda.

Jenny Faulstich
(17/04/2013)

terça-feira, 9 de abril de 2013

Alegria fabricada

Tristeza acompanhada,
alegria fabricada,
7 gotas na língua
e uma esperança na cabeça
de reerguer um coração quebrado.

Jenny Faulstich
(04/04/2013)

Passagem para voltar

As pessoas, os carros, os ônibus passam,
inclusive o meu e eu continuo ali, esperando...
um reconhecimento, uma compreensão,
uma passagem para voltar para a minha casa,
mas lá, ninguém me espera,
lá preferem que eu não esteja,
logo lá, o meu cantinho de chorar,
o meu cantinho de ficar quietinha
sem precisar ver ninguém,
e agora não posso ir para lá.
Para onde vou então?
Perambular pelas ruas
sem falar com ninguém.
Queria por momento a invisibilidade
e a bateria eterna do celular
para ouvir todas as músicas tocar mil vezes
até enjoar, ou até as pessoas pararem
de olhar na minha cara e sentir dó,
ou quando eu puder voltar para a casa
sem ser a mãe, a empregada, a chata
para quem eu gostaria de ser apenas a mulher.

Jenny Faulstich
(04/04/2013)

Oração do vento

Em toda minha vida,
meu desejo mais frequente,
quase uma oração, era
"Dorme criatura!!!
Deixa o vento levar suas angústias,
suas decepções e iluminada seja
a consciência de quem te fez chorar,
que se arrependa por tanto magoar"...
Afinal, quem na história,
"paga de otária"?
..."Me ilumine também,
que seja acalmado o meu coração tão humilhado
e que eu possa ver o melhor caminho.
Que minhas palavras não sejam mal interpretadas
e minha dor não seja subestimada".

Jenny Faulstich
(27/02/2013)

Um pouco só

Mesmo chovendo,
a vista da cidade é tão bonita,
e mesmo assim eu páro no hall do edifício deserto
só para poder ficar um pouco só
e chorar baixinho, sem pressão,
sem ninguém me pedindo para parar,
porque se eu páro eu não termino
e a vontade volta.

Jenny Faulstich
(27/02/2013)