domingo, 30 de abril de 2023

Hoje eu vou sair

Hoje eu vou sair pra dançar 
Vou sair desse buraco
Onde me nego a ficar
Abrirei minhas asas, minha saia
Hoje eu quero me abraçar 
Retomar meu projeto: borboletear.

Jenny Faulstich 
(Resende, 29/04/2023)

Hoje a dor está diferente

Hoje a dor está diferente,
Está cansada de doer.

Jenny Faulstich
(Resende, 16/08/2021)

sábado, 29 de abril de 2023

Alma de artista

Tem quem se esqueça da arte da vida na vida
Quem é artista deveria saber que muito se sente
Conectar-se somente com razão
Pode corromper laços genuínos
Coisas sem explicação
Justamente porque só se... sente.
E por sentir me julgaram incoerente 
Que dó eu tenho dessa gente 
Infeliz e incapaz de aceitar
Que não se escolhe o que sente
Não escolhe o quê e quem considerar 
Do nada ou por mágoa faz afrontar 
Tirar do prumo uma nítida alegria
Pura maldade de fracassados
Que cansei de ter empatia.
Ruminei dias uma aberta ferida
Pra ressurgir ainda mais bela
No meu exercício interrompido 
Que só quem se importa sabe e sente
Vai verdadeiramente identificar.
Acalmo agora meu coração 
Focando só no recomeço do vôo
Soltando-me das amarradas tentadas
Com conhecimento das que já tinha
A arte de sentir é da alma,
E a minha é linda!

Jenny Faulstich 
(Resende, 29/04/2023)

Só quero dormir...

Só quero dormir
Pra sempre
Na minha mente 
Só um miolo de flor que não brotou
Uma criança em mim morreu
Definho e quando pensam num motivo
É outro, muito além do próprio torpor
Meu xarope acabou 
O antidepressivo dobrou
Aguardo ansiosa uma próxima sessão 
Queria mesmo era um pé encostando
Mas não quer nem saber como estou
Se sim ou não conscientemente 
Eu sei o que tenho que fazer
Mas não tenho mínimo ânimo 
Nem pra comer, nem pro banho
Pra onde correr se nem me levanto?
Escolhido foi não se importar
Se eu partisse hoje não iria faltar.
Sou fruto de um terror 
Precisando se acalmar
De um abandono maldoso
Me perfurou só pra se mostrar 
Um troféu, um corpo novo,
Já que o meu é um sufoco
Da qual quiseram se livrar 
Ainda consigo ouvir o deboche
De uma foto feita pra machucar
Missão cumprida, soldada abatida
De uma guerra que eu nunca quis lutar.

Jenny Faulstich 
(Resende, 27/04/2023)

sexta-feira, 28 de abril de 2023

Greta oro

Vibrou! Vibrou em mim!
O arrepio veio do amor!
Uma esperança renovada
No futuro que importa
Não na utopia desejada.

Jenny Faulstich
(Resende, 19/04/2023)

Corpo celeste

As três pintinhas, uma constelação.
Galáxia de sóis misteriosos, 
de pó, rocha, empolgação e história.
Observar de perto é lindo,
mas só saber da existência ao longe
é mais sensato, mais seguro e nem importa.

Jenny Faulstich
(Resende, 27/03/2023)

Desafiante

Deixa eu segurar sua mão 
e te levar pra ver um outro mundo
além das barreiras da razão.
Nem pelos meus olhos, 
mas pelos seus próprios 
lindos, desafiantes, revigorosos.
A gente se inspira e cura junto
numa proposta inusitada.
Com medo mesmo e fé na estrada
porque seu riso solto e largo é sol,
seu abraço é remédio trocado
e veja só, 
o risco de felicidade que corremos.

Jenny Faulstich 
(Resende, 02/03/2023)

Campanha

Antes da sua negativa, avalie, 
veja se disso tudo algo conta a favor:
- Sou boa ouvinte, curto as nossas conversas;
- Gosto de cozinhar, modestamente uns rangos maneiros;
- Gente legal tem gatos e eu tenho quatro,
se tem um bicho que nos ensina a amar sem cobrar, desconheço;
- Dirijo meu golzinho velhinho e Valente, capenga e destemido tão quanto eu;
- Sou progressista, de esquerda mesmo, mente aberta, nem tão militante e confio na ciência;
- Sou da arte, artista, arteira, fotógrafa, ecochata, partiu natureza;
- Sou fã OTM, só para os raros, não sou uma Mariana, mas "me faça rir, me faça feliz";
- Amo declaradamente abraços e o seu encaixa e conforta como poucos;
- Isso me lembrou um certo abraço, de pernas, que gostaria de novo;
- Falando nisso, sexo sem frecuras lhe anima alguma coisa?
- A massagem você quer antes ou após o rolê?
- E se você disser não, é não, ou se disser pare, eu te levo pra casa assim que você quiser;
- E principalmente, eu faço café, cafuné, sucesso, terapia e poesia.
Tente me convencer de que não valho a lida,
seja medo, vergonha, 
qualquer que seja a paranóia, 
de ser eu quem sou, mas
numa embalagem não satisfatória.

Jenny Faulstich 
(Resende, 04/03/2023)

Segunda

Quando se vai mal, mais mal não seria novidade,
mas se vai bem, por quê ser um colaborador
de uma avalanche gelada e destrutiva?
Sem a desculpa de ter sido "sem querer",
me agrava a luta pra sair da deprê,
induzida, comparada, maldita desnecessária!
Testar meu "tanto faz" pode ser desonesto,
uma jogada fora das regras do campo 
onde deitamos e rolamos e gostamos.
Sou rancorosa, amarga e arremetida
sofro sempre sozinha antes da volta por cima.

Jenny Faulstich 
(Resende, 21/04/2023)

23:48

Segurei enquanto pude
Mas no fundo eu sabia
Que uma hora aconteceria 
De novamente molhar meu rosto
E apertar o meu travesseiro.
Eu sabia que a graça eu logo perderia
Só não esperava que fosse assim, tão cedo
Ao ponto de me faltar com mínimo respeito.
Enjoou de mim, não me precisa mais
Desprezou, recusou minha presença
E se revelou o mesmo do mais,
confortável, insensível, básico, 
manipulador, egoísta, esquerdo macho.

Jenny Faulstich 
(Resende, 18/04/2023)

Risco previsto

O encanto já minava aos poucos
Hoje só sinto fome, sono e cansaço
Do imediatismo egoísta 
E da incompreensão e descaso
Fatores excepcionais 
E alguns já previstos
Assumi em parte o risco
Contei com uma lealdade prometida 
E morri na praia, sozinha.

Jenny Faulstich 
(Resende, 18/04/2023)

Ma... mais um

Quando passa o primeiro encanto,
noto mais um pra esquecer.
Egocentrismo, burocracia boba,
joguinho de provocar ciúme 
enquanto eu só esperava pra ter
alento, amizade, compreensão e força,
momento de fraqueza que chega a doer.
A nostalgia outrora serena se esvai,
no lugar brota uma fúria impura
temporária, feroz e auto destrutiva.
Choro, durmo, deprimo, assumo,
o erro de esperar o não dito
e o dito corrigivel como prova de pensar.
Passam os dias, passa parte da raiva tida
Ma, mas não passa a decepção, o abandono, 
o carma, a desgraça e o novamente recebido foda-se.

Jenny Faulstich
(Resende, 16/04/2023)

O resto

Sempre a sobra 
do prato, só a borda,
servida durante o tédio
enquanto a fome é morna.

Jenny Faulstich 
(Resende, 28/04/2023)

quinta-feira, 27 de abril de 2023

Pedido ignorado

Aquela vontade que tenho de fitar
envolver, provocar, incentivar,
mingua, desmancha, se esvazia, vai embora.
Um pedido, uma maldade, um gatilho,
um sentimento ruim repetido,
desanda o dia, desanda o vivido,
por uma empolgação de futuro,
apenas uma, uma só que me machuca.
Eu aqui tentando muito não chorar 
me convencendo de que não tem porquê,
mas seja lá qual a intenção, está doendo,
ferida grosseira de uma arma perfeita,
afiada, certeira, venenosa, desgraçada,
que atinge minha alma já sangrada,
aflinge e maltrata minha memória manchada,
me sinto triste e desrespeitada,
logo, logo, logo me jogam fora.

Jenny Faulstich 
(Resende, 27/03/2023)

Juventude

Não sou vampira, não sou lenda
Não quero do seu sangue, seu corpo
Não quero roubar sua juventude 
A vida pode ser curta, não se sabe
Quero apenas algo que importe
De comum acordo, recíproco e gostoso
Pode ser um carinho lento
Um colo, uma conversa, 
Uma tarde de soneca
Atrair com bondade e desejo
Uma relação aberta a cores
Leveza e lampejos
De troca, sem julgamentos.

Jenny Faulstich 
(Resende, 13/03/2023)

quarta-feira, 26 de abril de 2023

Remédios, sono e destempérios

Revezo entre remédios, sono e destempérios
Mistura de dor com preguiça e sufoco
Fecho os olhos pra dormir e falho
Na mente só coisas que eu não quero escutar
Só quero dormir, esquecer tudo por agora
Esquecer tudo que senti, ainda sinto,
E caçoam e falam de mim por isso,
De coisas que eu nem sequer disse.
Sei que deveria nem ligar, considerar.
Tentando sair da teoria pra prática 
Um toque de patas veio sem chamar,
Me atento a acalmar as vozes de tanto pensar
Ignoram consequências psicológicas
De quem ainda se trata de outros fatores
Não conhecem nada, não faço falta
Se eu morresse hoje, seria um alívio
Pra quem não concorda, não faz parte
da imperfeição que sou agora.

Jenny Faulstich 
(Resende, 26/04/2023)

Data "não" especial

Nessa data "não" especial
Um detalhe ou dois não mais importam
Percebe-se que a necessidade 
Não é mais aquela, perde-se
O que achava ser admiração 
Não era tão essencial assim.

Jenny Faulstich 
(Resende, 13/03/2023)

Baile que segue

Ora me vejo vazia,
Ora transbordo horrores
De noites temidas
Outras de risos maiores.
Me toco como nunca antes
E descubro um universo
De possibilidades, almas
Novos rancores...
Baile que segue,
Eu danço, curto,
Choro um absurdo!

Com conhecimento de causa
Eu sinto, vivo, transmito
Que seja a troca mútua
E a derrota justa.

Jenny Faulstich 
(Resende, 13/04/2023)

"Let it be"

Dias bons vêm,
Dias ruins também
Eu me emociono por pouco
Talvez não tão pouco assim
Simplesmente muito pra mim...

Jenny Faulstich 
(Resende, 14/04/2023)

Fraude

De volta ao fundo do poço 
De onde eu nunca deveria ter saído
A bolinha tava alta demais
Precisava algo pra me trazer de volta
Me tirar do lugar de pessoa especial
Pois eu sou apenas mais uma sem sal
Uma fraude, um balde cheio de ego
Nada a mais.

Jenny Faulstich 
(Resende, 14/04/2023)

Saudade trocada

Queria eu ser digna de ser desejada
Alguém que quisesse ao menos
Sentir a minha boca e temperamentos
Saber da minha existência 
E cogitar uma saudade trocada.

Jenny Faulstich 
(Resende, 27/08/2022)

Última pessoa, penúltima vez

A última pessoa com quem quero falar
Nunca fez questão de me considerar
Nem sequer se recorda que eu existo.

O pensamento é sozinho 
A mágoa, unilateral
E a ressaca, moral.

Jenny Faulstich 
(Resende, 11/11/2022)

Quem quer dá um jeito

Quem quer dá um jeito!
Não sou resto,
não sou vadia.

Não soube o que queria
ou sabia e aqui não era
o foco, só rebeldia.

Jenny Faulstich 
(Resende, 03/04/2023)

Saída do poço

Não é mais sobre você 
Nunca foi, era sobre mim,
E sobre mim olhava daquele jeito
Estava ali e talvez não quisesse
Se arrependia e me fazia fria
Por tempo indeterminado
Até que eu saísse sozinha
Da lama, do poço em que eu jazia.

Jenny Faulstich 
(Resende, 13/04/2023)

Energia

Eu sou o que sou,
Você duvidou
Subestimou
Superestimou
E não me interessa
Em que você acredita
Ou o que você achou
Se foi em meu peito que pesou
Doeu, me fudeu, 
Não se preocupou
Me feriu, esqueceu
Do que fui, do que sou,
Do que seria
O lamento vem um dia
Quando certa energia faltar
Vai lembrar de mim
Em qualquer lugar.

Jenny Faulstich 
(Resende, 26/04/2023)

Riu de mim

Riu de mim
Fez pra provocar 
Não sabe o mal que me fez
Da decepção que senti
Algo que nem era pra mim
Debochou do que senti
Do que aconteceu ou não 
Da intimidade de outrora
Esqueceu-se de quem fui
Pra curtir uma vitória
Fique com seu troféu
E eu com o de sempre,
Só derrota.

Jenny Faulstich 
(Resende, 26/04/2023)

85%

85% mais amargo do que minha vida
sem precisar consultar, conectar,
mensurar cada sentimento,
intensificar o sofrimento,
de uma guerra que há
pesada, fria, triste, cara, 
de tempo, de consciência,
que anula cada evolução,
questiona uma dependência,
um narcisismo implícito,
uma dificuldade de vida.

Jenny Faulstich 
(Resende, 26/04/2023)

Maldita ficha

Nessa de cada um oferecer o que tem
recebi algo que não era meu
e não sei mais o que fazer.

Quero me livrar, de tudo,
do dia, da noite, da vida,
do que me feriu,
da maldita ideia de ficha 
usada por um imbecil
que esqueceu quem sou
disse que "a Jenny mentiu",
juntou com quem de mim riu,
julgou, envenenou, invadiu.

Resgatou um fracasso passado
disfarçado de sororidade e empatia
no momento em que eu estava tão "bem",
eu ouvi de tudo um pouco
e muito do que não convém.

Jenny Faulstich 
(Resende, 26/04/2023)

Me pegaram de surpresa

Me deixa aqui quietinha,
por favor...
Você já anda ocupado demais,
não finja ligar pra minha dor.
Nem é a primeira vez,
só está mais cruel, mais terrível,
me pegaram de surpresa,
feliz, empolgada e desarmada!

Nunca tive tanta vontade
de tomar meus remédios de uma vez só,
pra ver se a mente me dá uma folga.
E depois dela, você é com quem menos quero falar,
não preciso que me jogue nada na cara
coisas do tipo que "a gente nem namora",
porque disso eu já sei, você já me disse,
várias vezes e tudo bem.
Não é sobre isso, e sobre isso
também não preciso que me diga
de novo, que nem tudo é sobre mim,
como se eu não estivesse em estresse,
com ansiedade, bloqueio, depressão...
Pensando bem, faz melhor,
me esquece!

Olha eu atrasada, 
já esqueceu, caçoou, desatendeu,
cuspiu no coração que comeu...

Jenny Faulstich 
(Resende, 19/04/2023)

terça-feira, 25 de abril de 2023

Tanto

Hoje já não me doeu tanto.
Bom sinal eu acho,
já que nem é pra tanto,
me esnoba, me compara,
me desdenha, ignora,
faz que gosta, não gosta.

Minha hora de brilhar vai chegar!
Tomara que nessa terça-feira 
e na quarta, comemorar!

Jenny Faulstich 
(Resende, 22/04/2023)

quinta-feira, 20 de abril de 2023

"Beijo ao vento"

Dias intensos
Do 8 ao 800
Do auge pra queda
É do fundo do poço que se recomeça!

Jenny Faulstich 
(Resende, 16/04/2023)

quarta-feira, 19 de abril de 2023

Alugada

Queria poder esquecer tudo que me foi dito.
Senti na hora que eu deveria ter ouvido,
mesmo não concordando muitas vezes
me coloquei no lugar e me excedi,
excedi em absorver o que era de fora
e muito mal mesmo eu passei a me sentir.
O apoio que eu podia ter me deu as costas,
e assim eu vi, o filme todo de novo,
senti, sofri e chorei o dobro.
Foi pesado e poucos também se incomodaram.
A força pra variar veio de onde nem esperava,
depois de um tempo de cabeça alugada
com muita informação nova
muita mágoa botada pra fora.
E recebi tudo aberta demais,
sem filtro só ressurgiram minhas nóias.
E eu estava tão feliz, tão feliz, tão feliz!
Externei tanto isso dias antes,
mesmo tão cansada, atarefada.
Eu estava tão feliz, brilhante, inusitada,
como há muito tempo não ficava,
com a casa mais leve e mais arrumada.
Com um discurso de sermos todos adultos
tive minha intimidade debochada
e com uma carga que nem sequer havia,
eu decaí na minha lida, de dores mentais e físicas,
foi-se toda terapia de um ano pra trás,
de quando estive mais vulnerável e frágil,
de quando achei que não voltaria mais, 
de quando não fui correspondida
nem com carinho e amor de amiga.
Entendo que não sou, nunca fui prioridade,
mas a mão que me faltou,
faltou tão quanto sei que eu não sou
nem metade de tudo que foi dito, 
e eu no fundo, nem precisava ter ouvido.
Eu não precisava ruminar logo agora 
toda a sobra que sou de um nada.
Que nisso a gente concorda, eu nunca fui nada!

Jenny Faulstich 
(Resende, 18/04/2023)

terça-feira, 18 de abril de 2023

Partida

Nem me despedi ainda e já estou chorando...
Queria tanto ter feito mais,
ter estado mais, ter abraçado mais.
A partida tem a hora marcada,
enquanto a mente tenta me avisar
de que a gente ainda vai se encontrar
de novo e de novo e de novo,
desse lado do oceano ou do outro!

Jenny Faulstich 
(Resende, 18/04/2023)

sábado, 15 de abril de 2023

Auto discurso

Eu quero pedir desculpas!
Eu quero? Não! Eu preciso.
Desculpas pra mim mesma,
E também me perdoar,
Por buscar reciprocidade onde não há 
Por insistir onde não há mesmo afeto
Por não me deixar levar pelo acaso
Por me dar a importância que eu não tenho
E chorar noites inteiras no travesseiro.

Não consigo ignorar a tempestade em meu peito
Ela dói de verdade, não tem jeito.
Eu sinto com a mesma intensidade que existo
E tudo que anoto são versos só meus,
Cada um interpreta com a carga que também traz.

Minha jaula tem um fera ferida em combate interno...
Eu quero, eu preciso me desculpar
Pela humanidade e instinto selvagem no mesmo lugar,
Por julgar com a minha vivência onde não pude ficar,
Por entender que meu mundo não tem significado
Senão a mim mesma e deixa estar.

Jenny Faulstich 
(Resende, 15/04/2023)

sexta-feira, 14 de abril de 2023

Quites

Outrora não parecia a mesma pessoa
e não era, agora eu tenho a certeza.
Certeza também de tudo que faltou,
de onde e quando eu falhei,
de como não dependia de mim,
e de que não era sobre mim.
Mas aqui dentro era
e aqui também ficou tristeza e trauma.
Tentei buscar vestígios de razão 
em sentimentos já arquivados
que pensava já ter superado.
A memória é falha,
o ódio, portanto, foi certeiro.
E dessa dose extra inesperada
foi ressaca o dia inteiro.

Jenny Faulstich 
(Resende, 14/04/2023)

Uma vida de "quases"

Olhar pra dentro dói 
aflinge, despedaça.
Nada que sobre
pra contar a história.
Aquela de sempre,
de que nunca merecerei,
serei sempre só mais uma
que se engana toda vez.
O absurdo de me achar especial
num momento se encontra
em choque massivo e real.
Me sinto só e cansada,
e fato, melhor só
do que mal acompanhada.
Mas o "mas" só corrobora
pra uma justificativa qualquer
já que não sou digna 
de conseguir não ser esquecida.

Jenny Faulstich 
(Resende, 14/04/2023)

quarta-feira, 12 de abril de 2023

Longas noites

São as dores longas
A vida excitante
De altos, baixos, dissabores.
Um dia up, a tarde talvez,
Na noite eu me faço 
Viva outra vez.
Amanheço distante,
Errante, livre, amante,
Entre beijos lentos
Íntimos odores
Desejos sorrateiros
O coração um deserto
Sedento de amores!

Jenny Faulstich 
(Resende, 12/04/2023)