quinta-feira, 31 de dezembro de 2020

31 de dezembro de... quase 200 mortes em Resende

Penúltima noite do ano
e eu não fiz foto da Lua,
brilhante, cheia, acordada,
enquanto costuro inúmeras máscaras,
enquanto tem gente aglomerada na balada,
enquanto famílias recebem 
a notícia que ninguém deseja:
alguém não vai voltar pra casa.

Jenny Faulstich 
(Resende, 31/12/20)

quarta-feira, 11 de novembro de 2020

Live

Um violino que canta.
Uma poesia que grita.
Grita porque pode e precisa.

A vida espia, arrepia,
por uma tela de poucas polegadas,
com película e capa,
dessa live travada, encantada.

DoiZé, trio ou sozinho,
a arte continua
espremida nessas linhas
ora fofa, ora "Lobo",
ora "João de Barro" professor.

Gratidão pela luta, resistência, "algo maior".
Flores brotam em ventanias, enquanto tantos
fecham os olhos, coração e ouvidos,
outros inspiram os próximos dias.

Jenny Faulstich
(Resende, 11/11/2020)

sábado, 29 de agosto de 2020

Girassóis fantasmas

 

Girassóis guardam a lenda,
do castelo, uma fantasma observa,
a sombra do guerreiro que aparece em sonho,
pra quem tem a curiosidade desperta.

Jenny Faulstich
(El Coronil, 23/07/2018) 

sábado, 22 de agosto de 2020

Meu resumo de paz com o tempo

Um teto seguro, cobertores,
água limpa, comida,
filhos amigos, zuadores,
um gato de cada lado,
já posso morrer, de amores.

Jenny Faulstich 
(Resende, 21/08/2020)

domingo, 24 de maio de 2020

Quarentena eterna

Nunca mais tudo o que já vivemos será parecido.

As lembranças que temos, nunca mais serão parecidas. 

Os amigos não serão os mesmos, já não são.

Os costumes também não.

A decepção com atitudes alheias, imensurável.
O egoísmo gritante e horripilante, desnortea.
A vontade de fugir só aumenta.
Atualmente fugir se equipara a ficar em casa.
Fugir nunca foi tão digno!

Ficar isolado consigo mesmo.
Fugir do mundo e mergulhar no seu próprio.
Aceitar que toda a sociedade está doente.
Cansar-se demasiadamente de se preocupar
Com quem pouco está se lixando para os outros.

A quarentena está para o resto de muitas vidas.
Algumas que até já se foram...
O luto seletivo é um dejavu.
De tantas tragédias da humanidade,
A mais humilhante é não se importar.


Jenny Faulstich (Resende, 24/05/2020)

terça-feira, 14 de abril de 2020

#TBT de flor...



#TBT de flor,
de mato,
de cara lavada,
de Visconde de Mauá,
partiu fugir pra lá???

Jenny Faulstich
(Visconde de Mauá, 19/03/2020) foto celular

domingo, 12 de abril de 2020

"Florescer na dor"

Ilustração: Talita Abreu @talitaabreu.art
(Resende, 29/03/2020) 


A beleza e o horror de lidar com o desconhecido:
incerto, porém previsível,
temido e esperançoso,
também teimoso feito um idoso,
que não fica em casa
e quando fica, deprime!
Essa profunda tristeza desencanta.
Procurar o sentido de tudo
é um inútil desafio!
O mundo inteiro afetado
enquanto eu brigo, choro, durmo ou sorrio
assistindo tamanha dor que germina,
prolifera e também extermina feito pragas,
certo tipo de vida que escancara
ganância, vaidade e egoísmo.

Jenny Faulstich
(Resende, 30/03/2020)

sexta-feira, 10 de abril de 2020

4:46

Não consigo dormir!
Fecho os olhos e fico impressionada
com a imagem do cadáver
do filme da madrugada,
ficção e uma apocalíptica realidade.
Começo a lembrar de outros filmes,
repito orações pedindo um sono suficiente.
Ouço bater o portão,
uma criatura indo buscar o fim lá fora.
O toque de recolher da porta pra dentro
não faz quarentena do pensamento,
uma loucura instaurada,
massivamente, sem hora marcada.

Jenny Faulstich
(Resende, 02/04/2020)

quinta-feira, 9 de abril de 2020

Foi-se




O espelho aponta defeito e até aumenta
e de tanto observar detalhe,
o amassado da cortina incomoda.
O cansaço pede água e um amparo,
o gato escolhe seu lugar na cama,
arrumo tudo que eu preciso e deito,
bem mais tarde do que deveria.
Espero que o filtro de sonhos funcione,
tanto de noite quanto de dia.
O que era pra ser esse poema 
não importa mais, foi-se.

Jenny Faulstich 
(Resende, 09/04/2020) foto celular 

sábado, 14 de março de 2020

731 dias sem ela

No dia da poesia,
2 anos, 731 dias,
sem justiça,
sem resposta,
sem ela,
a voz da favela,
do pobre oprimido
com tanta mazela,
desrespeito, fome
de comida, de vida,
dignidade, já esquecida!
731 dias sem ela,
que tanto lutava,
se fazia presente,
ontem, hoje e sempre,
Marielle, presente!

Jenny Faulstich 
(Resende, 14/03/2020)

sábado, 29 de fevereiro de 2020

Caminho de flores


Ah, esse caminho!
Pedras, flores, 
sombras de amores!

Ao castelo me leva!
Muros, janelas,
sepulturas sem cores!

Jenny Faulstich 
(Sintra, 07/2018)

terça-feira, 4 de fevereiro de 2020

Samba no guardanapo (22)

Quando o samba te dá voz,
tudo que se precisa é
ouvir, cantar, dançar,
reparar os sorrisos,
bater palmas e
deixar de prestar atenção
só na própria vida,
sabe lá o que vem além dela.
"A gente precisa ir embora".
Às vezes estamos nos preocupando demais.
"Não se abater",
olhar o outro,
procurar um guardanapo,
uma caneta emprestada,
batucar uma latinha
e ver que toda tristeza que se tinha,
ficou de lado,
um pouquinho,
passo a passo.

Jenny Faulstich
(Resende, 2019)


segunda-feira, 3 de fevereiro de 2020

Sucumbi de novo

Não dura muito, só um sufoco,
me fere, desmotiva, desestabiliza!
Parece um chute, um soco,
na cara, na alma, no entorno!

Jenny Faulstich
(Resende, 02/02/2020)

E se o pior acontecer?

E se o pior acontecer?
Eu não voltar da maca fria,
zerar a vida, partir no dia.

Jenny Faulstich
(Resende, 24/01/2020)

quinta-feira, 16 de janeiro de 2020

Bençôe

O tempo parou para você partir!
Orou por todos e fortes estamos aqui,
para pedir sua bênção e despedir.
Está agora nos braços do Pai,
que lhe abraça e lhe diz:
"Sua vida, minha amada filha,
minha melhor dádiva,
sua missão, com orgulho,
acompanhei cumprir."

Jenny Faulstich
(Resende, 15/01/2020)
* Em memória de Ruth Consentino Faulstich, 28/07/1930 - 14/01/2020.

segunda-feira, 13 de janeiro de 2020

Apeixonada

Estou apaixonada
pelo tritão de água doce.
Surge numa enxurrada
com o olhar tão doce,
a voz tão doce,
o cabelo tão lindo,
seja curto, seja comprido.
Já falei do olhar?! Ahhh!
Portanto, tão menino,
feito amigo do filho.

Jenny Faulstich
(Penedo, 12/01/2020)

domingo, 12 de janeiro de 2020

Destino de Sávio

Só porque eu prometi, se chama assim.
Valho-me da noite, esperada e alcançada.
Três lances de escada para ter a Lua,
linda, brilhante, cheia, dançante!
Arrastapé beirando a cidade,
curtindo, sonhando, vivendo a amizade.
Flerto sozinha, um futuro andante,
pois quero bem pouco, bem mais adiante!

Jenny Faulstich
(Resende, 10/01/2020)

sábado, 11 de janeiro de 2020

PcD

Estou deficiente, não estou morta!
Lembrarei de cada desdém
quando eu "aparentemente" estiver gostosa.
Esnobarei mesmo, ficarei insuportável,
há quem já saiba que eu garanto no beijo,
o pulo do gato!

Jenny Faulstich
(Resende, 11/01/2020)

quarta-feira, 8 de janeiro de 2020

Luz nos ossos


Raios de luz que a parede atravessam
a despir os ossos que lá já me esperam
fitam-me com o desejo de trocar uma só peça
para que eu volte a explorar a árida charneca.

Jenny Faulstich
(Évora, 22/07/2018)

Uma porta fechada na história


Jenny Faulstich
(Évora, 22/07/2018)

terça-feira, 7 de janeiro de 2020

Divina Boca do Inferno


Dos lugares mais lindos que já vi:
o pôr do Sol na Boca do Inferno,
Deus, eu senti...

Jenny Faulstich
(Cascais, 30/07/2018)

segunda-feira, 6 de janeiro de 2020

Voando em parte II


Aprenda garota!
Como é que se faz!

Jenny Faulstich
(Alcântara, 21/07/2018)

Voando em parte I



A arte imitando a vida
sob o olhar da lua que duvida
se voamos mesmo ou em parte
no pensamento de quem delira.

Jenny Faulstich
(Alcântara, 21/07/2018)

domingo, 5 de janeiro de 2020

Perdi o poema

Perdi o poema!
Ele veio até mim
eu não escrevi.
Sonhei com as linhas
e se acordei? Esqueci.

Jenny Faulstich
(Resende, 31/12/2019)

Camarada

"Agora sim, camarada!"
Quero vento na cara,
uma grande festa em casa
e a revolução instaurada!

Jenny Faulstich
(Resende, 31/12/2019)

Quando eu não acordo com a dor

Quando eu não acordo com a dor,
eu sonho com ela,
porque ela está sempre comigo,
não me abandona, nem me liberta dela.

Jenny Faulstich
(Resende, 02/01/2020)

quarta-feira, 1 de janeiro de 2020

Foto poeminha de boas vindas



Lindo céu do Paraíso,
árvores e lua sorrindo,
para um novo ano chegando
e um aninho desgraçado encerrando.

Jenny Faulstich
(Resende, 01/01/2020) foto celular