domingo, 31 de dezembro de 2023

Ano prazer novo

Pulsar, vibrar, tremer,
Pensar em você!
Aquela pressão que me faz gemer
Delírio físico além do ser
E até em sonho me dá prazer.
Expectativa e vontade
Desde o último entardecer
Para que nessa virada de ano, 
Conhecer, reconhecer, acontecer!

Jenny Faulstich 
(Resende, 31/12/2023)

sexta-feira, 29 de dezembro de 2023

Único encontro

Ele veio, muitos kms de distância 
Chegou de surpresa, de presente 
Brindamos, dançamos, abraçamos 
Entrelaçamos algo a mais que palavras
Já que nem eram tão necessárias 
Não ali, não naquele momento
Ali eram só beijos e carinhos nos cabelos
Celebração de um encontro
Um achado feliz a primeira vista
Conquista garantida por parte dos dois 
Que noite feliz, que não vai se repetir.

Jenny Faulstich 
(Itatiaia, 14/10/2023)

quarta-feira, 27 de dezembro de 2023

Taça

O que tinha a mais naquele vinho
Que fez a taça não ser suficiente
Surpreendeu-me ao beber na curva
De onde eu não pudesse ver tal travessura
Também bebeu-me em temperatura ambiente
Amanheceu-me tendo o sol como testemunha
Chegando o momento do café quente 
Combinado com mel e sorvete
A cozinha só pra gente
Tomou-me novamente!

Jenny Faulstich 
(Resende, 18/12/2023)

Saliva do ódio

A música foi ouvida
O tempo ia passando
Saliva do ódio escorrendo
Enquanto aguardava 
Uma boa vontade
A paciência digerida 
Resmungar fazia parte
Resolver apenas um detalhe
Um riso sem graça escapava
Até me ganhar no abraço
Ajoelhado, tão gigante
Sua mão e olhos em mim
Fez parecer que se importasse
Com minha alma já entregue
A raiva e segredos da madrugada.

Jenny Faulstich 
(Resende, 26/12/2023)

terça-feira, 19 de dezembro de 2023

Estorvo

Uma voz desconfiada e mecânica 
Como riso, desaparece no outro dia
Um pedido de socorro
Esperança encerra de novo
E tudo que sobra é aprendiz
De vida insalubre, danificada
Ceviche com noz moscada 
Uma enxurrada de desinteresse motriz
Vácuo, sentimento de estorvo
O final sempre infeliz.

Jenny Faulstich 
(Resende, 14/12/2023)

Avaliando friamente

Hoje em dia, avaliando friamente,
você não iria mesmo ficar ao lado
de alguém que não lhe concordasse sempre,
que não brincasse de pique, sendo eu a infantil,
seria vergonhoso e triste pra você, eu sei...
Não correria com você nem se eu quisesse.
Acredite, já precisei por mim e travei!
Minha situação é outra, é diferente,
quero só curtir em paz o que me apetece,
do que sou capaz e pra quem eu baste,
sem precisar fingir, sem constranger,
enlouquecer só da mais pura alegria, 
poder ser quem sou e pertencer sem sofrer!

Jenny Faulstich 
(Resende, 19/12/2023)

quarta-feira, 13 de dezembro de 2023

Lágrima descompensada

Palavras mortas
Amparo de afeição 
Despejo 
Caminhos 

Cansaço 
Depressão 
Tamanha covardia
Vaidade prioridade 

Treze do doze é hoje
Mais de um ano passado
Um assombro madrugado
De malditos e mal amados.

Jenny Faulstich 
(Resende, 13/12/2023)

terça-feira, 5 de dezembro de 2023

Oráculo

Consulta de fatos
Casos subestimados
Onde há somente poesia
Curiosidade de quem espia
Bem vindos sejam todos
Tanto de amores enrustidos
Quanto de maldade revelada
Aqui reuno arte imaculada
Independente de quem sente
Eu sinto e me basta, tente!

Jenny Faulstich
(Resende, 05/12/2023)

sexta-feira, 6 de outubro de 2023

Me vira do avesso

Tão insaciável que desidrato
A sensação é de mini infarto
Quero parar, quero continuar
Mal posso me controlar
Insistente, resistente
Firme e delicadamente 
Me vira do avesso
Me arrepio inteira, me contorço
Sem cobrança, sem esforço 
Sem julgamento, só desejo
Mais uma vez tem meu gozo
Mais uma vez, que gostoso.

Jenny Faulstich 
(Resende, 06/10/2023)

quarta-feira, 4 de outubro de 2023

Não é ódio

É nojo, não é ódio!
Choro chorume inveja
Entre o altar e o pódio
A alma no chão
Do lixo não levado
Desinteresse semeado
Modelo silenciado 
Não discuto 
Empurro a mala
Fora do eixo
Vida a dentro
Arrependimento em cárcere privado
Ordinário mal desnecessário.

Jenny Faulstich 
(Resende, 10/09/2023)

terça-feira, 3 de outubro de 2023

Manteiga de cacau e açúcar

Receita da cura 
Ressaca moral 
Falta de memória 
Recuperar o vácuo 
Que deixei na história 
De beijos e muitos abraços 
Sem noção de espaço 
Dor ou julgamentos 
Feliz contentamento
Na noite adentro.

Jenny Faulstich 
(Resende, 18/07/2023)

Under stars

Valores são relativos
Oportunidades podem não voltar
Aproveito todo instante mesmo
Sem muito pensar 
Melhor superar ressacas
Ao arrependimento de nem tentar
Coisas de quem já está em ruínas 
Meu teto é o céu, meu amor
pra quem também quiser olhar.

Jenny Faulstich 
(Resende, 26/08/2023)

Toalha, feira, cerejeira

Nos identificamos pelos nossos ideais estampados!
Na minha mente tão errante,
eu lhe beijo desde aquele lindo dia,
despretensioso dia, da toalha.
Creio você sequer imaginar tão delirante,
sua bolsa retornável de feira repleta
enquanto na minha térmica só bebida estranha.

 Um amigo desconfiado de um lado,
contra dois incentivadores do outro.
De humanas, a clara conta
fez-me procurar não lhe perder, e sim,
tínhamos mais um tanto em comum a conhecer.
Bem como uma certa amizade solicitada,
outrora ignorada, foi imediatamente consertada.
A partir desse momento, no mínimo instigante,
um breve toque no meu cabelo rosa,
deixou algo além, que ainda nos envolve.

 Mesmo sem a chance de lhe ver de novo
e sem que você conseguisse dizer
o tanto que quer, e nem precisa,
foi tomada emprestada as cerejeiras da poesia.
Só sei então que sempre dormiremos distantes
e na linguagem do afeto seguimos pensando
no que vamos lendo, ouvindo, cozinhando...

Jenny Faulstich
(Resende, 12/07/2023)

terça-feira, 26 de setembro de 2023

Pantufa

Da esperança ao sentimento de desdém 
Um acaso encontro, um segundo apenas
Tornando-se desencontro
Onde tão intimamente conheceras
E entendo então a negativa
Porque bem sei que não sou atrativa
Não sou quem se apresenta
Não sou namorativa
Mulher pantufa que o diga
Ficar, só de forma escondida, 
Pra não causar vergonha
Seja da idade, do jeito, da aparência 
Nada que já não esteja acostumada
Nada que sempre não cause dor
Hora de prazer passada, 
realidade encontrada, dissabor.

Jenny Faulstich 
(Resende, 22/09/2023)

Saída

Aos poucos vou me esquecendo
de detalhes do seu rosto.
E de pensar que tinha em mente decorada
sobre cada pintinha, cada marquinha,
o formato e gosto da sua boca.
Seus olhos outrora tão definidos
se perdem na minha memória feito revoada.
Do abraço na janela ao toque do violão,
não sinto mais do que notas bem distantes
quase que inaudíveis, sussuros destoantes.
Em breve será como eu já lhe fui,
nunca nem existi de tão insignificante.


Jenny Faulstich 
(Resende, 16/08/2023)

"In the ghetto"

Seu jeito lento e enrolado de falar já meio alto
e de ficar preocupado com o que eu escrevo,
sendo que você compõe, então qual é a diferença?
Você até disse que se eu quiser, me faz uma música,
mas ela tem que vir porque você quer, não eu,
embora você já tenha até me dado o nome.
Eu hein, engenheiro sem controle do controle,
rindo horrores, se divertindo enquanto procura,
entre tantas, a sua preferida do Elvis,
"In the ghetto", que não me esqueço.
E seu niver chegando, eu consciente 
de que seu presente vai ficar na gaveta
de calcinhas, meias, utensílios íntimos,
amores insurgentes e encontros de veneta.

Jenny Faulstich 
(Resende, 18/07/2023)

sábado, 26 de agosto de 2023

Pergunte

Pergunte a ele em off
Do que ele sente mais falta
O carinho da escuta
O humor faceiro
A energia de dia inteiro 
Disposição na noite adentro
Talvez só do abraço 
Ou nada disso
Foi tudo esquecido,
Apagado, inexistido
Feito aquele beijo surpreendido.

Quanto tempo perdido
Quanto erro repetido 
Só perguntar ao arrependido
De ter me conhecido.

Jenny Faulstich
(Resende, 10/06/2023)

Encaixados

Inevitavelmente aos meus pés,
do início ao fim, intercaladamente...
Dos pés, ora subindo até
entre as coxas, encaixadas,
me fez lembrar o que é ser desejada.
Surpresa despretensiosa
pós uma troca de olhares,
meia noite de conversa
ao silêncio daquele quarto espelhado
onde só começamos o nosso pecado.
Dali para cafés, beijos e bailes,
rolês a dois, carinhos e pernoites,
rotina, trabalho e pets compartilhados,
sempre muito bem combinado e
por tempo determinado...

Jenny Faulstich 
(Resende, 08/06/2023)

Saudade do mar...

A encomenda chegou após a despedida.
A surpresa pensada, cancelada.
Um outro amor já o aguardava
e de novo sigo sozinha, sem nada,
somente com a peça esperada
agora devidamente dobrada e guardada 
na mesma gaveta em que eu contigo sonhava.

Jenny Faulstich 
(Resende, 06/07/2023)

De uma noite pro dia

Saudade daquele beijo
demorado, saboroso,
consciente, indecente,
sabíamos o quanto estava gostoso
aproveitamos, cantamos,
abraçados descansamos,
entre cobertas e travesseiros
começamos tudo de novo.

Jenny Faulstich 
(Resende, 25/07/2023)

Febre, fome, saudade...

Febre, fome, saudade...
Ontem de novo eu dormi pensando em você,
do nosso encaixe, conchinha e encoxadas,
de quando você me procurava,
sua mão buscava a minha
a encontrava e a gente se enroscava.

Jenny Faulstich 
(Resende, 18/07/2023)

terça-feira, 22 de agosto de 2023

Desconsolo

Tão bonita, tão deprimida,
tão desgostosa da vida!
A mente tão ansiosa e aflita, 
remoendo tristes lembranças, feridas,
fragilidades inevitáveis da vida.
Repreendida, incompreendida,
intimidade esculhambada,
momento algum defendida.
Ao contrário, a carga foi ofensiva,
fui infantilizada, inferiorizada.
Como não ficar deprimida?
Machucada pelo egoísmo e vaidade
de quem a todo custo, quis sair por cima.

Jenny Faulstich 
(Resende, 09/05/2023)

Só pó

Hoje sobrou café na garrafa,
mas já estou acostumada,
depois reaqueço, não me esqueço.
Nem me esqueço que já fui só pó,
fui útil, "importante", até se recompor,
chegada minha vez, o descarte foi antecipado,
pra contar história só sobraram rancor e dó.

Jenny Faulstich 
(Resende, 23/05/2023)

Mais uma despedida

Toda vez que eu curto alguém 
esse alguém vai embora de alguma forma.
Eu quero que se dane a sociedade!
Eu quero só minha paz e liberdade!
Eu mereço, padeço, ainda me surpreendo,
seja me despindo, seja despedindo,
seja chorando, seja sorrindo,
seja fazendo planos, sempre finitos
só teorias, na minha mente ocupando,
deixando aberta a ferida
que não cicatriza,
sempre dolorida, 
pra me ver de novo, sozinha.

Jenny Faulstich 
(Resende, 02/07/2023)

Nada superado

A verdade, verdade mesmo,
é que não tem nada superado.
Só imagem e um nada infinito na paisagem,
um grandessíssimo nada
em clima de despedida.

Jenny Faulstich 
(Resende, 07/05/2023)

Dia 02

Dia 02
Já chorei
Beijei 03
E não fiquei feliz
Queria só 01
Mas nunca serei
Prioridade de ninguém 
Eu já sei
E tá tudo bem
Vida que segue
Até lá me embriaguei
Me lamentei
Me culpei
E sei que nunca serei
Suficiente pra alguém...

Jenny Faulstich 
(Resende, 02/07/2023)

terça-feira, 18 de julho de 2023

Do palco para o tribunal

Recaí do meu pseudo palco 
pros bastidores numa só noite!
Voltei pro meu lugar de roadie
pra fazer acontecer a fama alheia.
Aquela música que eu sempre cantava
era confissão de um desejo que jamais realizarei.
Testemunhas de acusação na platéia,
julgamento sem culpa no cartório,
eu não busquei por nenhum deles
e pago pelo crime de ter sentido
algo muito além de mim.

Jenny Faulstich 
(Resende, 18/04/2023)

quinta-feira, 22 de junho de 2023

Cheiro

Há dias que não lhe vejo,
mas parece que ainda sinto o cheiro.
Cheiro que me remete ao prazer
que eu sempre tenho com você.
Um ritual de carinho e desejo:
beijo, bebida, lambida, encaixe
e o cheiro.

Jenny Faulstich 
(Resende, 22/06/2023)

segunda-feira, 12 de junho de 2023

Found miner

Você pode me falar o que você quiser,
e eu posso também me imaginar
vivendo um looping do que já passamos
porque eu fecho os olhos e arrepio
lembrando de como você se achega
me chama para aquele cantinho
mais gostoso da cama,
decidido e com a delicadeza
de me fazer gozar e me abraçar,
de fazer o violão cantar pra mim
e rirmos muito por você
entrar sempre na rua errada 
pra chegar na "nossa casa"...

Jenny Faulstich 
(Resende, 12/06/2023)

terça-feira, 23 de maio de 2023

Bingo cinza

Tenho perdido tanto...
Tenho me perdido tanto...
Sei que nada será como antes
tanto o que foi bom quanto o que foi ruim.
Está passando essa nuvem sobre mim,
já a avisto na paisagem ao longe
trazendo de volta a Imperatriz
que sente, fala e chora,
que senta, escuta e volta
da tal fucking verdade cinza no limbo
direto para os braços dos que me aguardam
os sorrisos sinceros de quem nem esperava
fazendo de tudo perdido
onde eu mais ganhava!

Jenny Faulstich 
(Resende, 16/05/2023)

quinta-feira, 18 de maio de 2023

Super

Perguntei o que estava olhando,
me disse estar apenas admirando...
Dividimos da mesma fome
e trocados foram risos, reflexões e afagos...
Desejo e carinho se complementaram
desafiando o acaso, a pressão e a certeza
encontrando nosso próprio tempo,
sendo devidamente cuidada, respeitada,
espontaneamente bem tratada...
Soube que seria assim
antes mesmo de tirar os seus óculos
e quando fechou então os olhos
as palavras cessaram temporariamente
para que eu pudesse bem depois dizer:
que prazer está sendo te conhecer!

Jenny Faulstich
(Resende, 15/05/2023)

terça-feira, 9 de maio de 2023

Grampos, muitos grampos...

Naquela noite deu tudo errado!
Tinha tudo pra dar certo e deu merda!
Incompetência e/ou muita mágoa acumulada?
Eu estava linda, eu sei que estava!
A alegria durou pouco, durou até o afronto.
Vim embora antes do meu tempo,
dependente, triste, toda borrada! 

O rabisco afetuoso não saiu do papel.
Tudo ganhado foi perdido, desperdiçado.
Cada grampo pesava uma palavra de desprezo
que não me deixava mais leve conforme eu retirava
já que o desprezo me veio em ato pensado
cuja presença desafia meu orgulho abalado,
me traz de volta tudo que eu achava ter superado
de outro desprezo há tempo já passado.

Remachucada... 
Parabéns a quem se tornou mais um gatilho!
Vai passar, eu sei, 
como esse sangue que a água leva agora,
como essa lágrima que desce e seca,
como esse dia lindo lá fora
enquanto a tempestade aqui dentro desaba.
Nenhuma novidade, mesmos nomes,
decepções semelhantes, porém diferentes,
mas sempre esquecida e humilhada
após devidamente utilizada.

Jenny Faulstich 
(Resende, 07/05/2023)

domingo, 7 de maio de 2023

Desleal

Todos dizem saber o que eu devo fazer,
eu também sei o que devo fazer
pra sair dessa vala em que me empurraram.
Só busco ainda o sentido e um motivo
que não seja tão vago quanto foi certo convívio,
quando algo me foi prometido, foi descumprido
e agora todo tempo construído foi descartado
por uma nova buc... conquista,
novas companhias, a minha não servia,
me restou insídia e indiferença.
A amizade dita valiosa foi jogada fora
por quem disse que não queria que se perdesse,
e foi somente uma peça de algo maior,
uma engrenagem torta, maldita e cínica
de um passado agora desenterrado
feito um zombie(cide) fétido sedento
pelo caos, destruição, depressão,
infelicidade parcial, direcionada e intencional.

Jenny Faulstich
(Resende, 01/05/2023)

segunda-feira, 1 de maio de 2023

Cabral

Cabeça está a milhão 
e o coração não acompanha não!
É muita coisa ao mesmo tempo,
alguns que partem
enquanto comemoramos anos, conquistas...
Me vem uma pressa, um desespero,
quem mais não estará aqui amanhã?
Será que eu estarei aqui amanhã?
Como o que eu deixei de tentar vai me afetar?
Logo, tento, o não eu já tenho!
Reforço todo sentimento 
independente das críticas
já que só eu sei o que se passa aqui dentro.
Se hoje sou intensa, sou abobada e besta,
é porque eu sei que tem gente viva e não vive
e pelos que já partiram
quero fazer a valer as minhas chances.

Jenny Faulstich 
(Resende, 09/03/2023)
* Para a amiga Cíntia.
Descanse em paz.

domingo, 30 de abril de 2023

Hoje eu vou sair

Hoje eu vou sair pra dançar 
Vou sair desse buraco
Onde me nego a ficar
Abrirei minhas asas, minha saia
Hoje eu quero me abraçar 
Retomar meu projeto: borboletear.

Jenny Faulstich 
(Resende, 29/04/2023)

Hoje a dor está diferente

Hoje a dor está diferente,
Está cansada de doer.

Jenny Faulstich
(Resende, 16/08/2021)

sábado, 29 de abril de 2023

Alma de artista

Tem quem se esqueça da arte da vida na vida
Quem é artista deveria saber que muito se sente
Conectar-se somente com razão
Pode corromper laços genuínos
Coisas sem explicação
Justamente porque só se... sente.
E por sentir me julgaram incoerente 
Que dó eu tenho dessa gente 
Infeliz e incapaz de aceitar
Que não se escolhe o que sente
Não escolhe o quê e quem considerar 
Do nada ou por mágoa faz afrontar 
Tirar do prumo uma nítida alegria
Pura maldade de fracassados
Que cansei de ter empatia.
Ruminei dias uma aberta ferida
Pra ressurgir ainda mais bela
No meu exercício interrompido 
Que só quem se importa sabe e sente
Vai verdadeiramente identificar.
Acalmo agora meu coração 
Focando só no recomeço do vôo
Soltando-me das amarradas tentadas
Com conhecimento das que já tinha
A arte de sentir é da alma,
E a minha é linda!

Jenny Faulstich 
(Resende, 29/04/2023)

Só quero dormir...

Só quero dormir
Pra sempre
Na minha mente 
Só um miolo de flor que não brotou
Uma criança em mim morreu
Definho e quando pensam num motivo
É outro, muito além do próprio torpor
Meu xarope acabou 
O antidepressivo dobrou
Aguardo ansiosa uma próxima sessão 
Queria mesmo era um pé encostando
Mas não quer nem saber como estou
Se sim ou não conscientemente 
Eu sei o que tenho que fazer
Mas não tenho mínimo ânimo 
Nem pra comer, nem pro banho
Pra onde correr se nem me levanto?
Escolhido foi não se importar
Se eu partisse hoje não iria faltar.
Sou fruto de um terror 
Precisando se acalmar
De um abandono maldoso
Me perfurou só pra se mostrar 
Um troféu, um corpo novo,
Já que o meu é um sufoco
Da qual quiseram se livrar 
Ainda consigo ouvir o deboche
De uma foto feita pra machucar
Missão cumprida, soldada abatida
De uma guerra que eu nunca quis lutar.

Jenny Faulstich 
(Resende, 27/04/2023)

sexta-feira, 28 de abril de 2023

Greta oro

Vibrou! Vibrou em mim!
O arrepio veio do amor!
Uma esperança renovada
No futuro que importa
Não na utopia desejada.

Jenny Faulstich
(Resende, 19/04/2023)

Corpo celeste

As três pintinhas, uma constelação.
Galáxia de sóis misteriosos, 
de pó, rocha, empolgação e história.
Observar de perto é lindo,
mas só saber da existência ao longe
é mais sensato, mais seguro e nem importa.

Jenny Faulstich
(Resende, 27/03/2023)

Desafiante

Deixa eu segurar sua mão 
e te levar pra ver um outro mundo
além das barreiras da razão.
Nem pelos meus olhos, 
mas pelos seus próprios 
lindos, desafiantes, revigorosos.
A gente se inspira e cura junto
numa proposta inusitada.
Com medo mesmo e fé na estrada
porque seu riso solto e largo é sol,
seu abraço é remédio trocado
e veja só, 
o risco de felicidade que corremos.

Jenny Faulstich 
(Resende, 02/03/2023)

Campanha

Antes da sua negativa, avalie, 
veja se disso tudo algo conta a favor:
- Sou boa ouvinte, curto as nossas conversas;
- Gosto de cozinhar, modestamente uns rangos maneiros;
- Gente legal tem gatos e eu tenho quatro,
se tem um bicho que nos ensina a amar sem cobrar, desconheço;
- Dirijo meu golzinho velhinho e Valente, capenga e destemido tão quanto eu;
- Sou progressista, de esquerda mesmo, mente aberta, nem tão militante e confio na ciência;
- Sou da arte, artista, arteira, fotógrafa, ecochata, partiu natureza;
- Sou fã OTM, só para os raros, não sou uma Mariana, mas "me faça rir, me faça feliz";
- Amo declaradamente abraços e o seu encaixa e conforta como poucos;
- Isso me lembrou um certo abraço, de pernas, que gostaria de novo;
- Falando nisso, sexo sem frecuras lhe anima alguma coisa?
- A massagem você quer antes ou após o rolê?
- E se você disser não, é não, ou se disser pare, eu te levo pra casa assim que você quiser;
- E principalmente, eu faço café, cafuné, sucesso, terapia e poesia.
Tente me convencer de que não valho a lida,
seja medo, vergonha, 
qualquer que seja a paranóia, 
de ser eu quem sou, mas
numa embalagem não satisfatória.

Jenny Faulstich 
(Resende, 04/03/2023)

Segunda

Quando se vai mal, mais mal não seria novidade,
mas se vai bem, por quê ser um colaborador
de uma avalanche gelada e destrutiva?
Sem a desculpa de ter sido "sem querer",
me agrava a luta pra sair da deprê,
induzida, comparada, maldita desnecessária!
Testar meu "tanto faz" pode ser desonesto,
uma jogada fora das regras do campo 
onde deitamos e rolamos e gostamos.
Sou rancorosa, amarga e arremetida
sofro sempre sozinha antes da volta por cima.

Jenny Faulstich 
(Resende, 21/04/2023)

23:48

Segurei enquanto pude
Mas no fundo eu sabia
Que uma hora aconteceria 
De novamente molhar meu rosto
E apertar o meu travesseiro.
Eu sabia que a graça eu logo perderia
Só não esperava que fosse assim, tão cedo
Ao ponto de me faltar com mínimo respeito.
Enjoou de mim, não me precisa mais
Desprezou, recusou minha presença
E se revelou o mesmo do mais,
confortável, insensível, básico, 
manipulador, egoísta, esquerdo macho.

Jenny Faulstich 
(Resende, 18/04/2023)

Risco previsto

O encanto já minava aos poucos
Hoje só sinto fome, sono e cansaço
Do imediatismo egoísta 
E da incompreensão e descaso
Fatores excepcionais 
E alguns já previstos
Assumi em parte o risco
Contei com uma lealdade prometida 
E morri na praia, sozinha.

Jenny Faulstich 
(Resende, 18/04/2023)

Ma... mais um

Quando passa o primeiro encanto,
noto mais um pra esquecer.
Egocentrismo, burocracia boba,
joguinho de provocar ciúme 
enquanto eu só esperava pra ter
alento, amizade, compreensão e força,
momento de fraqueza que chega a doer.
A nostalgia outrora serena se esvai,
no lugar brota uma fúria impura
temporária, feroz e auto destrutiva.
Choro, durmo, deprimo, assumo,
o erro de esperar o não dito
e o dito corrigivel como prova de pensar.
Passam os dias, passa parte da raiva tida
Ma, mas não passa a decepção, o abandono, 
o carma, a desgraça e o novamente recebido foda-se.

Jenny Faulstich
(Resende, 16/04/2023)

O resto

Sempre a sobra 
do prato, só a borda,
servida durante o tédio
enquanto a fome é morna.

Jenny Faulstich 
(Resende, 28/04/2023)

quinta-feira, 27 de abril de 2023

Pedido ignorado

Aquela vontade que tenho de fitar
envolver, provocar, incentivar,
mingua, desmancha, se esvazia, vai embora.
Um pedido, uma maldade, um gatilho,
um sentimento ruim repetido,
desanda o dia, desanda o vivido,
por uma empolgação de futuro,
apenas uma, uma só que me machuca.
Eu aqui tentando muito não chorar 
me convencendo de que não tem porquê,
mas seja lá qual a intenção, está doendo,
ferida grosseira de uma arma perfeita,
afiada, certeira, venenosa, desgraçada,
que atinge minha alma já sangrada,
aflinge e maltrata minha memória manchada,
me sinto triste e desrespeitada,
logo, logo, logo me jogam fora.

Jenny Faulstich 
(Resende, 27/03/2023)

Juventude

Não sou vampira, não sou lenda
Não quero do seu sangue, seu corpo
Não quero roubar sua juventude 
A vida pode ser curta, não se sabe
Quero apenas algo que importe
De comum acordo, recíproco e gostoso
Pode ser um carinho lento
Um colo, uma conversa, 
Uma tarde de soneca
Atrair com bondade e desejo
Uma relação aberta a cores
Leveza e lampejos
De troca, sem julgamentos.

Jenny Faulstich 
(Resende, 13/03/2023)

quarta-feira, 26 de abril de 2023

Remédios, sono e destempérios

Revezo entre remédios, sono e destempérios
Mistura de dor com preguiça e sufoco
Fecho os olhos pra dormir e falho
Na mente só coisas que eu não quero escutar
Só quero dormir, esquecer tudo por agora
Esquecer tudo que senti, ainda sinto,
E caçoam e falam de mim por isso,
De coisas que eu nem sequer disse.
Sei que deveria nem ligar, considerar.
Tentando sair da teoria pra prática 
Um toque de patas veio sem chamar,
Me atento a acalmar as vozes de tanto pensar
Ignoram consequências psicológicas
De quem ainda se trata de outros fatores
Não conhecem nada, não faço falta
Se eu morresse hoje, seria um alívio
Pra quem não concorda, não faz parte
da imperfeição que sou agora.

Jenny Faulstich 
(Resende, 26/04/2023)

Data "não" especial

Nessa data "não" especial
Um detalhe ou dois não mais importam
Percebe-se que a necessidade 
Não é mais aquela, perde-se
O que achava ser admiração 
Não era tão essencial assim.

Jenny Faulstich 
(Resende, 13/03/2023)

Baile que segue

Ora me vejo vazia,
Ora transbordo horrores
De noites temidas
Outras de risos maiores.
Me toco como nunca antes
E descubro um universo
De possibilidades, almas
Novos rancores...
Baile que segue,
Eu danço, curto,
Choro um absurdo!

Com conhecimento de causa
Eu sinto, vivo, transmito
Que seja a troca mútua
E a derrota justa.

Jenny Faulstich 
(Resende, 13/04/2023)

"Let it be"

Dias bons vêm,
Dias ruins também
Eu me emociono por pouco
Talvez não tão pouco assim
Simplesmente muito pra mim...

Jenny Faulstich 
(Resende, 14/04/2023)

Fraude

De volta ao fundo do poço 
De onde eu nunca deveria ter saído
A bolinha tava alta demais
Precisava algo pra me trazer de volta
Me tirar do lugar de pessoa especial
Pois eu sou apenas mais uma sem sal
Uma fraude, um balde cheio de ego
Nada a mais.

Jenny Faulstich 
(Resende, 14/04/2023)

Saudade trocada

Queria eu ser digna de ser desejada
Alguém que quisesse ao menos
Sentir a minha boca e temperamentos
Saber da minha existência 
E cogitar uma saudade trocada.

Jenny Faulstich 
(Resende, 27/08/2022)

Última pessoa, penúltima vez

A última pessoa com quem quero falar
Nunca fez questão de me considerar
Nem sequer se recorda que eu existo.

O pensamento é sozinho 
A mágoa, unilateral
E a ressaca, moral.

Jenny Faulstich 
(Resende, 11/11/2022)

Quem quer dá um jeito

Quem quer dá um jeito!
Não sou resto,
não sou vadia.

Não soube o que queria
ou sabia e aqui não era
o foco, só rebeldia.

Jenny Faulstich 
(Resende, 03/04/2023)

Saída do poço

Não é mais sobre você 
Nunca foi, era sobre mim,
E sobre mim olhava daquele jeito
Estava ali e talvez não quisesse
Se arrependia e me fazia fria
Por tempo indeterminado
Até que eu saísse sozinha
Da lama, do poço em que eu jazia.

Jenny Faulstich 
(Resende, 13/04/2023)

Energia

Eu sou o que sou,
Você duvidou
Subestimou
Superestimou
E não me interessa
Em que você acredita
Ou o que você achou
Se foi em meu peito que pesou
Doeu, me fudeu, 
Não se preocupou
Me feriu, esqueceu
Do que fui, do que sou,
Do que seria
O lamento vem um dia
Quando certa energia faltar
Vai lembrar de mim
Em qualquer lugar.

Jenny Faulstich 
(Resende, 26/04/2023)

Riu de mim

Riu de mim
Fez pra provocar 
Não sabe o mal que me fez
Da decepção que senti
Algo que nem era pra mim
Debochou do que senti
Do que aconteceu ou não 
Da intimidade de outrora
Esqueceu-se de quem fui
Pra curtir uma vitória
Fique com seu troféu
E eu com o de sempre,
Só derrota.

Jenny Faulstich 
(Resende, 26/04/2023)

85%

85% mais amargo do que minha vida
sem precisar consultar, conectar,
mensurar cada sentimento,
intensificar o sofrimento,
de uma guerra que há
pesada, fria, triste, cara, 
de tempo, de consciência,
que anula cada evolução,
questiona uma dependência,
um narcisismo implícito,
uma dificuldade de vida.

Jenny Faulstich 
(Resende, 26/04/2023)

Maldita ficha

Nessa de cada um oferecer o que tem
recebi algo que não era meu
e não sei mais o que fazer.

Quero me livrar, de tudo,
do dia, da noite, da vida,
do que me feriu,
da maldita ideia de ficha 
usada por um imbecil
que esqueceu quem sou
disse que "a Jenny mentiu",
juntou com quem de mim riu,
julgou, envenenou, invadiu.

Resgatou um fracasso passado
disfarçado de sororidade e empatia
no momento em que eu estava tão "bem",
eu ouvi de tudo um pouco
e muito do que não convém.

Jenny Faulstich 
(Resende, 26/04/2023)

Me pegaram de surpresa

Me deixa aqui quietinha,
por favor...
Você já anda ocupado demais,
não finja ligar pra minha dor.
Nem é a primeira vez,
só está mais cruel, mais terrível,
me pegaram de surpresa,
feliz, empolgada e desarmada!

Nunca tive tanta vontade
de tomar meus remédios de uma vez só,
pra ver se a mente me dá uma folga.
E depois dela, você é com quem menos quero falar,
não preciso que me jogue nada na cara
coisas do tipo que "a gente nem namora",
porque disso eu já sei, você já me disse,
várias vezes e tudo bem.
Não é sobre isso, e sobre isso
também não preciso que me diga
de novo, que nem tudo é sobre mim,
como se eu não estivesse em estresse,
com ansiedade, bloqueio, depressão...
Pensando bem, faz melhor,
me esquece!

Olha eu atrasada, 
já esqueceu, caçoou, desatendeu,
cuspiu no coração que comeu...

Jenny Faulstich 
(Resende, 19/04/2023)

terça-feira, 25 de abril de 2023

Tanto

Hoje já não me doeu tanto.
Bom sinal eu acho,
já que nem é pra tanto,
me esnoba, me compara,
me desdenha, ignora,
faz que gosta, não gosta.

Minha hora de brilhar vai chegar!
Tomara que nessa terça-feira 
e na quarta, comemorar!

Jenny Faulstich 
(Resende, 22/04/2023)

quinta-feira, 20 de abril de 2023

"Beijo ao vento"

Dias intensos
Do 8 ao 800
Do auge pra queda
É do fundo do poço que se recomeça!

Jenny Faulstich 
(Resende, 16/04/2023)

quarta-feira, 19 de abril de 2023

Alugada

Queria poder esquecer tudo que me foi dito.
Senti na hora que eu deveria ter ouvido,
mesmo não concordando muitas vezes
me coloquei no lugar e me excedi,
excedi em absorver o que era de fora
e muito mal mesmo eu passei a me sentir.
O apoio que eu podia ter me deu as costas,
e assim eu vi, o filme todo de novo,
senti, sofri e chorei o dobro.
Foi pesado e poucos também se incomodaram.
A força pra variar veio de onde nem esperava,
depois de um tempo de cabeça alugada
com muita informação nova
muita mágoa botada pra fora.
E recebi tudo aberta demais,
sem filtro só ressurgiram minhas nóias.
E eu estava tão feliz, tão feliz, tão feliz!
Externei tanto isso dias antes,
mesmo tão cansada, atarefada.
Eu estava tão feliz, brilhante, inusitada,
como há muito tempo não ficava,
com a casa mais leve e mais arrumada.
Com um discurso de sermos todos adultos
tive minha intimidade debochada
e com uma carga que nem sequer havia,
eu decaí na minha lida, de dores mentais e físicas,
foi-se toda terapia de um ano pra trás,
de quando estive mais vulnerável e frágil,
de quando achei que não voltaria mais, 
de quando não fui correspondida
nem com carinho e amor de amiga.
Entendo que não sou, nunca fui prioridade,
mas a mão que me faltou,
faltou tão quanto sei que eu não sou
nem metade de tudo que foi dito, 
e eu no fundo, nem precisava ter ouvido.
Eu não precisava ruminar logo agora 
toda a sobra que sou de um nada.
Que nisso a gente concorda, eu nunca fui nada!

Jenny Faulstich 
(Resende, 18/04/2023)

terça-feira, 18 de abril de 2023

Partida

Nem me despedi ainda e já estou chorando...
Queria tanto ter feito mais,
ter estado mais, ter abraçado mais.
A partida tem a hora marcada,
enquanto a mente tenta me avisar
de que a gente ainda vai se encontrar
de novo e de novo e de novo,
desse lado do oceano ou do outro!

Jenny Faulstich 
(Resende, 18/04/2023)

sábado, 15 de abril de 2023

Auto discurso

Eu quero pedir desculpas!
Eu quero? Não! Eu preciso.
Desculpas pra mim mesma,
E também me perdoar,
Por buscar reciprocidade onde não há 
Por insistir onde não há mesmo afeto
Por não me deixar levar pelo acaso
Por me dar a importância que eu não tenho
E chorar noites inteiras no travesseiro.

Não consigo ignorar a tempestade em meu peito
Ela dói de verdade, não tem jeito.
Eu sinto com a mesma intensidade que existo
E tudo que anoto são versos só meus,
Cada um interpreta com a carga que também traz.

Minha jaula tem um fera ferida em combate interno...
Eu quero, eu preciso me desculpar
Pela humanidade e instinto selvagem no mesmo lugar,
Por julgar com a minha vivência onde não pude ficar,
Por entender que meu mundo não tem significado
Senão a mim mesma e deixa estar.

Jenny Faulstich 
(Resende, 15/04/2023)

sexta-feira, 14 de abril de 2023

Quites

Outrora não parecia a mesma pessoa
e não era, agora eu tenho a certeza.
Certeza também de tudo que faltou,
de onde e quando eu falhei,
de como não dependia de mim,
e de que não era sobre mim.
Mas aqui dentro era
e aqui também ficou tristeza e trauma.
Tentei buscar vestígios de razão 
em sentimentos já arquivados
que pensava já ter superado.
A memória é falha,
o ódio, portanto, foi certeiro.
E dessa dose extra inesperada
foi ressaca o dia inteiro.

Jenny Faulstich 
(Resende, 14/04/2023)

Uma vida de "quases"

Olhar pra dentro dói 
aflinge, despedaça.
Nada que sobre
pra contar a história.
Aquela de sempre,
de que nunca merecerei,
serei sempre só mais uma
que se engana toda vez.
O absurdo de me achar especial
num momento se encontra
em choque massivo e real.
Me sinto só e cansada,
e fato, melhor só
do que mal acompanhada.
Mas o "mas" só corrobora
pra uma justificativa qualquer
já que não sou digna 
de conseguir não ser esquecida.

Jenny Faulstich 
(Resende, 14/04/2023)

quarta-feira, 12 de abril de 2023

Longas noites

São as dores longas
A vida excitante
De altos, baixos, dissabores.
Um dia up, a tarde talvez,
Na noite eu me faço 
Viva outra vez.
Amanheço distante,
Errante, livre, amante,
Entre beijos lentos
Íntimos odores
Desejos sorrateiros
O coração um deserto
Sedento de amores!

Jenny Faulstich 
(Resende, 12/04/2023)

terça-feira, 28 de março de 2023

Acordei chorando

Chorei antes de conseguir dormir.
Acordei chorando também.
Uma noite de sono é até capaz
de alternar a percepção e os motivos.
Mas quando a alma está sensível
algo inútil incomoda, transborda,
derrama enquanto algo novo brota.

A compreensão afinco batalhada,
recebe um suporte de onde menos se espera,
e olha que sorte, não estar sozinha na aurora.

Jenny Faulstich
(Resende, 28/03/2023)

segunda-feira, 27 de março de 2023

Amanhã

Amanhã eu levanto da cama
Amanhã eu pago a cobrança 
Amanhã eu tomo um banho
Amanhã eu penteio o cabelo
Amanhã eu vejo as mensagens
Amanhã eu responda talvez
Amanhã eu tento não ser eu
Amanhã eu finjo que não doeu.

Jenny Faulstich 
(Resende, 27/03/2023)

quarta-feira, 22 de março de 2023

Perfeita

Comparação injusta e cruel.
Percepção que preferia não ter conhecimento.
Palavras ditas, jamais esquecidas,
levadas sim para um coração 
totalmente ciente de tudo que sente
e que sente muito e também nada,
que prossegue em frente
sempre desacompanhada
já que perfeita é ela,
eu sou a aleijada.

Resende, 22/03/2023

sábado, 11 de março de 2023

Erro?

Não me abrace!
Me olhe nos olhos 
e diga agora que fui um erro.
E se sim, dos melhores
porque eu sou foda!

Jenny Faulstich 
(Resende, 10/03/2023)

quarta-feira, 8 de março de 2023

Estaca zero

Você acha que estou fechada
Eu sempre sou é podada
Eu me permito sim, eu tento sim,
Sempre ouço que não é pra mim.
E se fico por hora, apática
É porque eu queria correr, correr, fugir
E não posso simplesmente sair daqui.
Não me conte por agora suas nóias
Preciso lidar com as minhas novas.

Jenny Faulstich 
(Resende, 04/03/2023)

segunda-feira, 6 de março de 2023

Fluxo

Passei os últimos dias me sentindo velha
Velha demais pra alguns "luxos" da vida
Pensei em fugir, pensei em desistir,
Chorei, me arrumei e saí
Com esforço extra o fluxo eu segui
Sorri, dancei, me distraí
Durou pouco, até me deparar de novo
Sem graça alguma em frente ao espelho
Sincero, imparcial, buscando algo especial
A resposta veio desastrosa e sem demora
De que nada disso na real importa 
Hoje aqui, amanhã talvez não 
O que possa ter deixado de fazer agora
É tempo passado à toa, não tem volta
A certeza da vida é só uma
Desperdiçar momentos custa
Não se recupera todo débito da fatura
E se me senti velha, inútil e indesejada
Não me pertence mais esse presente
Imperfeita, livre, leve, viva e feliz
Com muita coisa boa pra ceder em troca 
Problema de quem não me quis assim.

Jenny Faulstich
(Resende, 06/03/2023)

sábado, 4 de março de 2023

O de sempre

Hoje o sorriso é de canto de boca
O espírito da faxina ficou por anteontem
Queria eu não ter que levantar da cama
A make porém ainda está boa, só retocar
E buscar um abraço que não vá me julgar
Por chorar durante toda uma noite
Até a manhã pela janela estourar 
Me mordendo, fitando, miando
Enquanto concluo o de sempre
Mesmo vindo de palavras diferentes:
Nunca serei suficiente!

Jenny Faulstich 
(Resende, 04/03/2023)

quarta-feira, 1 de março de 2023

Poderia

Sim, ele poderia estar aqui 
mas será que ele de fato queria?
Até que ponto uma desculpa surge
Até que ponto uma verdade predomina
Até onde é medo, até onde é brisa
Até onde eu o assusto e espanto 
Qual seria a real paranóia dele?
Ele não veio, não virá, ninguém virá.

Jenny Faulstich 
(Resende, 25/02/2023)

sábado, 25 de fevereiro de 2023

Camomila

Acostumada a ser substituída, dispensada!
Sempre insuficiente, exagerada, desajustada,
nem o chá que tomo agora está quente.
Isso não deveria mais me abater,
mas a cada vez que alguém me escracha
em algum momento a deprê me amassa.
Seguro a onda enquanto posso
até que um nó que aparenta simplório 
encosta num fio onde não deveria haver
só esperando a hora de prorromper.
Isso também não deveria me abater,
mas sempre nessa ordem que acontece,
resisto, reflito, não minto, confio,
acolho, ouço, agrego e me recolho
a minha insignificância permanente
já que aqui é somente eu, nunca a gente.

Jenny Faulstich 
(Resende, 25/02/2023)

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2023

Sempre assim

Sempre assim, nunca afim,
quando eu acho que está tudo bem,
quando penso que o ritmo é assim
sinto fluindo a dança do salão 
até que tropeço em egos, dúvidas, ecos
de um passado desusual e convexo
de traumas e ansiedades intratadas
de um controle inexistencial.
A melodia pausada é brutal,
vozes e passos descompensados
não sabem mais o que é real
já que certos receios disciplinam desejos
como se fossem algo racional
a se pesar em balanças desajustadas 
de virtudes, vantagens, feitos e defeitos.

Jenny Faulstich 
(Resende, 24/02/2023)

Alegria insustentável

Tem alegria minha que não se sustenta sozinha
Preciso de uma mão, um querer, um esforcinho
Às vezes até vem, sem o alicerce que favorece
Tudo então desmorona antes que eu perceba
Que talvez seja um luxo que eu não mereça.

Jenny Faulstich 
(Resende, 24/02/2023)

Determinado

Encontrado em desencontro
Resgatado do próprio abandono
Cuidado, ressocializado
Confuso, porém determinado
Em muitas bocas focado
Mais um na ponte, atravessado!

Jenny Faulstich
(Resende, 27/01/2023)

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2023

Não

Não, não estou remoendo seu não
Não estou me iludindo não 
Nao criei um pouco de expectativa 
Não consigo, não posso, não devo
Mas quero, quero muito
Quero o desassossego 
Desse beijo aflito e generoso
Do homem, um garoto,
Do sorriso gostoso
Do último não
Não vou pedir de novo, não.

Jenny Faulstich 
(Resende, 17/02/2023)

terça-feira, 14 de fevereiro de 2023

Só havia

Só havia ele
e ele sabia!
Sabia o poder que tinha.
Curtia quando eu lhe dava a importância 
que eu achava que ele merecia.
Eu esperei, esperei até que me mexi,
tropecei na minha expectativa,
me esborrachei, me quebrei inteira.
E pra quem só via ele pela frente,
de repente tantas mãos, tanta dessintonia,
fosse noite, madrugada, dia,
até o resgate, uma eternidade.

Jenny Faulstich 
(Resende, 14/02/2023)

Hoje não teve beijo de boa noite

Hoje não teve beijo de boa noite 
Aos poucos as mensagens deixam de chegar
A memória retoma a história 
De que ninguém vai me amar
Talvez porque eu dance esquisito
E porque eu manco, dependo e aparento
Não calce sozinha meu sapato
Não me calo, ou sumo, desapareço
Crio expectativa num alento
Me compadeço no combo conexão e apreço
Volto a chorar sozinha, sem adereço
Ritmada, desmotivada, sempre rejeitada.

Jenny Faulstich 
(Resende, 07/02/2023)

Sabe-se lá

Estaciono em frente ao lar
Não sei se quero entrar
Mas também não vou mais sair
Sem ter algum lugar pra ir
Sem ter alguém pra me encontrar 
Com tanta coisa pra pensar
Juntos, longe, inexistente
Sabe-se lá mais do que sou carente
Um afago apenas eu queria
Na alma, corpo, só uma companhia.


Jenny Faulstich 
(Resende, 12/02/2023)

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2023

"Noite sem fim"

Se tem algo na vida que temo é ser injusta
e o trauma brota como reação,
não só memória consciente ou não.
Me machucaram uma vez, duas, três,
eu vou tentar me defender constantemente.
Mesmo assim, uma hora a guarda baixa
e vem uma porrada do nada que assusta!
Desabei de novo.
Me derrubaram de novo.
Distraí sem pedir socorro!
Choro, sussuro, não perdoo,
sob os escombros de fatos e estorvos
cerro a noite com lágrimas e gliter fosco.

Jenny Faulstich 
(Resende, 06/02/2023)

terça-feira, 24 de janeiro de 2023

Parasitada

O ciclo
A praga
A ressaca
A energia sugada
Suada
Parasitada
Enfraquecida
Machucada
Ferida infeccionada
Sangue digerido
Desgosto eufórico
Retórico
Onipresente
Não entenda
Nem tente
Sair da vala
Novamente.

Jenny Faulstich 
(Resende, 24/01/2023)

sexta-feira, 6 de janeiro de 2023

Folião

Dia de Reis!
Dia de gratidão!
Dia da Gratidão!
Folia da vida
poder contar com a sua
que presenteia
supre e permeia
a visão de mundo,
carinho e felicidade!

Jenny Faulstich 
(Resende, 06/01/2023)
*Ao amigo Renatinho

terça-feira, 3 de janeiro de 2023

Posse

Amora agora com gelo e cachaça 
Só segure, não dê o segundo gole
De porre já basta a vida
E que o amor não me demore.

Jenny Faulstich 
(Resende, 03/01/2023)

Preciso me arrumar

Preciso arrumar meu quarto e minha mente
Botar a cara inchada de chorar no sol
Organizar a vida em linhas e gavetas
E cuidar do coração que está num nó.
Desapegar de tudo que não me apega
O que não mais me serve vai pro brechó
Ou para o lixo, sem dó.

Jenny Faulstich
(Resende, 23/11/2022)

Moribunda

Hoje a dor na alma é tanta
que meu corpo nem grita.
A lança que causou a ferida
descansa imponente e feliz.
Transferiu o tempo e a culpa
a moribunda que outrora serviu.
Ainda há de sentir a falta.
Ainda há de sentir o mesmo.
Ainda há de sentir pelo menos
arrependimento.

Jenny Faulstich 
(Resende, 23/11/2022)

Como seria?

Saí um pouco do mundo real
Pra poder imaginar como seria 
Se o seu sorriso fosse pra mim
Tão quanto seu olhar, seu pensar
E se você sentisse o mesmo que eu
Como seria poder lhe enviar
Certas linhas bregas de um amor
Que eu sei que não vai acontecer,
Mas bem queria e nem ouso mais esconder
Sem tempo e mobilidade pra isso viver.

Jenny Faulstich 
(Resende, 29/08/2022)