quarta-feira, 19 de abril de 2023

Alugada

Queria poder esquecer tudo que me foi dito.
Senti na hora que eu deveria ter ouvido,
mesmo não concordando muitas vezes
me coloquei no lugar e me excedi,
excedi em absorver o que era de fora
e muito mal mesmo eu passei a me sentir.
O apoio que eu podia ter me deu as costas,
e assim eu vi, o filme todo de novo,
senti, sofri e chorei o dobro.
Foi pesado e poucos também se incomodaram.
A força pra variar veio de onde nem esperava,
depois de um tempo de cabeça alugada
com muita informação nova
muita mágoa botada pra fora.
E recebi tudo aberta demais,
sem filtro só ressurgiram minhas nóias.
E eu estava tão feliz, tão feliz, tão feliz!
Externei tanto isso dias antes,
mesmo tão cansada, atarefada.
Eu estava tão feliz, brilhante, inusitada,
como há muito tempo não ficava,
com a casa mais leve e mais arrumada.
Com um discurso de sermos todos adultos
tive minha intimidade debochada
e com uma carga que nem sequer havia,
eu decaí na minha lida, de dores mentais e físicas,
foi-se toda terapia de um ano pra trás,
de quando estive mais vulnerável e frágil,
de quando achei que não voltaria mais, 
de quando não fui correspondida
nem com carinho e amor de amiga.
Entendo que não sou, nunca fui prioridade,
mas a mão que me faltou,
faltou tão quanto sei que eu não sou
nem metade de tudo que foi dito, 
e eu no fundo, nem precisava ter ouvido.
Eu não precisava ruminar logo agora 
toda a sobra que sou de um nada.
Que nisso a gente concorda, eu nunca fui nada!

Jenny Faulstich 
(Resende, 18/04/2023)

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