Nunca saberei se o que sente é amor ou culpa,
por tantos erros, tantas falsidades,
engana a si mesmo e propaga o mal
um mal tão ingrato e tão devastador
que não se calcula danos nem rancor.
A vergonha é incontrolável
e o frio que atravessa a espinha,
um corte de fora a fora na alma
que não mede mais teias e feridas.
Não sei onde começa a dor
e onde terminam as dúvidas,
só sei de que sou a continuidade
do que eu não dei partida.
Isso me desarma, me enfraquece,
me desestabiliza e entristece,
porque eu queria tanto acreditar
que seria verdadeiro amar
em toda plenitude da reciprocidade,
e acabo sempre em lágrimas pré julgadas,
tentando não me sentir culpada,
tentando me extrair da própria existência,
tentando parar de ver para conseguir dormir.
Declarações de amor e carinho
se perdem facilmente em outra tela
e a esperança sucumbe numa escuridão
tão maléfica e tão repugnante
que o desejo de um beijo, de um carinho
faz parecer uma ofensa ao meu ego ferido,
minha pseudo segurança, meu tão temido amor próprio.
Ahh malditas palavras, malditas!!!
Maldita a pessoa que as repetiam,
cobrava tanta confiança para desabafar
suas orgias mais necessárias e indiscretas,
sem critérios, sem pudor, sem a mínima decência,
sem nunca pensar nas consequências.
E eu lutando comigo mesma e contra fatos
para acreditar na possibilidade de um amor
como uma cura, uma superação,
uma forma de me permitir continuar na tentativa
de ser diferente, ser especial,
mesmo sendo a única pela quintilhonéssima vez.
Se outras não conseguiram,
por que eu conseguiria?
Sou tão normal nas chatices e manias,
não tenho dinheiro nem expectativa,
tinha apenas o sorriso e uma agitada rotina.
Quem me explicaria então a razão,
quem me garantiria se há solução,
se a mesma boca que fala que me ama,
me trai, me atrai, me fere,
irremediavelmente desmonta
qualquer ser pulsante
em tantas peças aflitas,
em tantas partes sofridas!
Jenny Faulstich
(22/04/2013)
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