domingo, 19 de junho de 2022

Já morri de tanto jeito

Eu já morri de tanto jeito. 
Eu durmo e sonho tudo de novo.
Tumor, acidente, pandemia,
de amor, tristeza e histeria.

Piadas, filmes e versos ruins
arrebentam ou emendam o fio da meada.
De calor, suor em gotas, abafada,
despertador do vizinho na madrugada.

Lembrança aleatória de lugares, pessoas,
timidez de travar, urinar, desmaiar,
tragédias, ideias, correntes e gafes.
Já morri de vergonha, caminhada e olhares.

Criei monstros desaforos, nóias, expectativas,
derrocadas com prévia certeza regra,
desde amizades com o sexo oposto.
Já morri humilhada, com solidão e desgosto.

Jenny Faulstich 
(Resende, 09/09/2020)

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