segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

3 dias

Hoje estou louca
estou isolada
estou desolada.

Nem a minha música me acalma,
é uma boca que cala e
um coração que quase explode
de tanto barulho, tanta lamentação,
um choro que não acaba.

Busco tanto a simplicidade
e encontrei alguém pra competir
competir não entendi muito bem em quê,
e acha que a vida tem tanta regra
tanto conceito, tanta filosofia,
eu perco as batalhas
e fico arrazada no outro dia.

Me sinto tão burra, tão ignorante.
Tanta coisa que eu achava estar superada
retoma no auge da minha agonia.
Uma tortura, um castigo,
na alma, no corpo,
na minha opinião que não posso expor
na minha defesa que não posso fazer
mas o julgamento é certo de haver.

Sou obrigada a admitir calada
e recordo minhas antigas prisões.
Eu não sei o que fazer,
é uma vontade de sumir,
uma vontade de morrer
ou de matar algo em mim.

Eu tenho medo,
de atender o telefone
de receber qualquer linha
e esta me faça sofrer, mais.
Eu não posso ter a fragilidade de uma mulher
eu não posso ser dura com meus sentimentos
eu não posso falar com quem confio,
eu não posso nada, nem dormir.

E a tortura não acaba
se ouso querer levantar
ganho outra porrada pra lembrar
que quem me conhece mais profundamente
não gosta de mim,
não conseguiria conviver ou suportar,
e eu só prezo a minha paz,
que paz sofrida, mal compreendida.

Meus filhos, minha casa, meus amigos
tesouros intocáveis tão destrutivos
a quem possa querer, algum deles me arrancar,
e a minha liberdade, jaz numa lenda
uma cova funda e nem posso citar.
E o trabalho, escravo ou não,
pernilongos voam,
ventilador ligado
não posso a perna acomodar.

Estou tão cansada, tão desanimada,
tão feliz e infeliz,
que não sei de mais nada,
preferia estar só feliz.
Me falta uma cachaça,
um abraço, uma salada,
um abraço forte,
e de graça.

Me basta tudo que é jogado na cara
o que passou, passou,
eu quero continuar na estrada
sem pagar cada kilômetro
com uma pá e uma enxada
desejando a morte
porque não posso voltar no tempo
e fazer diferente, já foi.

Essa dor que me corta,
essa língua afiada,
uma masmorra da sorte.
Quase um "metal contra as nuvens"
tão nobre, tão lindo, tão forte,
mas eu sou fraca, ridícula e esnobe,
pago por existir e viso a esperança
num tempo desforme,
um tempo que não é meu.

Como uma pessoa dorme
quando derruba a outra
e esta só sofre?
Não faz mais nada, só sofre.
Não pode fazer mais nada, só sofre.
Dói, chora, enlouquece e sofre!
Emudece a própria alma e sofre.

De tudo me cobram, e como vou recuperar
como fazer um acerto de contas
sem ter como pesar,
sem ter como comparar,
não tem como comparar, não tem!
Um nunca vai ser igual ao outro
e ninguém será perfeito.

Por que ter a própria individualidade
é tão difícil, tão impedida quando reinvindicada
a única coisa que eu teria teoricamente.
Uma pessoa triste que quer?
Uma pessoa triste terá,
e qualquer outra característica se perderá.

Não sei o que me inspira,
se é que algo me inspira,
talvez um pouco de revolta
por não saber me manifestar,
e a dor vai e volta,
e a criatura só sofre,
sozinha, calada, idiota!

Gota a gota a água vai preenchendo a garrafa
e uma dor de cabeça insistente
vai me derrubando enquanto imploro um colo,
um carinho, um afago, uma mentira, um consolo.
De tantas tantas ilusões
temo a indiferença impregnar na minha rotina,
não mais precisaria de uma cortina
pra me esconder, esconder quem precisa.

Que venham estrelas para o meu dia
que me mostrem o que mais necessito
que me devolvam um pouco do meu amor
tanto me apertaram que parte evaporou
e quem disse que um dia se emocionou
tenha consciência de onde é forte
e quando falhou, antes que tudo vire inferno,
tudo vire um deserto, onde a flor secou.

E eu nem disse tudo, nem chorei tudo...

Jenny Faulstich
(30/01/2013)

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